terça-feira, 2 de agosto de 2011

ASSIM FOI O MEU ESTÁGIO NO PROJETO TRABALHO DOMÉSTICO CIDADÃO



O Estágio Supervisionado em caráter obrigatório tem como finalidade expor o acadêmico em contato com a prática, afim de que, este possa fazer comparações e responder questões entre a teoria e a prática, assim, este trabalho foi realizado na Escola Benjamim Constant, situada à rua de mesma denominação.
Os trabalhos desenvolvidos no período citado foram de Instrutora do Curso de Gastronomia, pelo Programa Trabalho Doméstico Cidadão oriundo do Plano Nacional de Qualificação (PNQ) de parcerias com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Instituto Mineiro de Desenvolvimento do Cidadão IMDC.
O Programa Trabalho Doméstico cidadão (TDC) é destinado a atender a população de baixa renda e baixa escolaridade, conscientizando estas pessoas acerca de seus direitos, principalmente as empregadas domésticas, elevando o nível de escolaridade das mesmas. Sabe-se que esta classe são mais de 6 milhões de brasileiras que não possuem muitas das vezes carteira de trabalho, apresentam baixa escolaridade, são negras e por vezes chefiam sozinhas suas famílias.
Com o intuito de mudar esta realidade o TDM foi criado a partir da Secretaria Especial de Política de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR e conta com as parcerias do Ministério do Trabalho e Emprego, Instituto Mineiro de Desenvolvimento para ampliar o direito dos trabalhadores, objetivando a qualificação profissional e a formação de lideranças.
Deste modo, “o Ministério do Trabalho oferece vários cursos por meio do Plano Nacional de Qualificação. O conteúdo das aulas foi elaborado pelo MTE e enviado aos sindicatos dos trabalhadores domésticos. Esses são responsáveis pela divulgação da agenda. Para saber quando irá acontecer o curso de qualificação na sua cidade basta procurar o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos” (http://www.mulherescomdilma.com.br/?page_id=9&id=664).
O TDC foi uma experiência realizada em 1999, pela primeira vez, na Bahia que deu certo e está se expandindo por outras cidades e estados brasileiros, conta com o apoio da Organização Internacional do Trabalho (OIT), haja vista, que ano passado (2010) este tema esteve presente em uma Conferencia em Genebra, na Suíça, certificando presságios de que o programa será implantado em diversos países pelo mundo a fora, principalmente em países em que a profissão de trabalhadores domésticos é exercida por grupos vulneráveis.
O curso ministrado foi de 200 horas para cada turma, trabalhou-se com duas turmas, totalizando assim, 400 horas. O curso acontecia em dois momentos, em cada momento foi utilizado um material didático diferente. O primeiro momento destinou-se a Habilidade Básica, ou seja, as primeiras 100 horas do curso eram referentes à Formação Técnica Geral (FTG). Neste momento, durante estas 100 horas foram ministrado diferentes conteúdos de modo a mostrar ao aluno a transdisciplinaridade que ocorre entre os temas atuais para uma formação continuada.
As primeiras aulas aconteceram de forma a explicar para o aluno o que era o Plano Nacional de Qualificação, Planseq, MTE e finalmente chegar ao Programa Trabalho Doméstico Cidadão.
O conteúdo ministrado perpassou pela História do trabalho doméstico evidenciando o seu Valor Social, as questões de Gênero raça e etnia, Leis trabalhistas, Cidadania, Movimento Sindical, Direitos e Deveres do Trabalhados Doméstico, Trabalho Produtivo e Improdutivo apresentando noções de Capitalismo, Relações Interpessoais no ambiente familiar e de trabalho, Noções de Informática, Noções de primeiros Socorros, Educação Ambiental e Ecologia e Ecossistema. Tais temas estavam presentes no material didático oferecido pelo governo através das parcerias.
No entanto, o instrutor visando à assimilação do conteúdo de forma rápida e eficaz pelos alunos produziu o seu material próprio, como por exemplo, um Power point contendo 100 slides com os assuntos citados no parágrafo anterior, onde os assuntos foram separados em módulos, assim o trabalho contém seis módulos que foram produzidos segundo a apostila oferecida pelo MTE e parceiros e pesquisas em outras fontes pelo instrutor estagiário.
A presidência do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos em nosso Estado, Pará, cobra das instrutoras que se trabalhe a auto estima dos alunos (as) e também o aspecto motivacional, a sociedade necessita de pessoas motivadas para atuar no mercado, além disso foi cobrado das instrutoras que as mesmas trabalhassem em sala de aula os temas transversais, como por exemplo, Doenças Sexualmente Transmissíveis – DSTs / Aids, Meio Ambiente, Violência Contra a Mulher, Trabalho Escravo, Trabalho Infantil e outros.
Falou-se ainda em sala de aula assuntos concernente a Cooperativismo, trabalhou-se com a aplicação de dinâmicas e trabalho em grupo em todas as nossas aulas e nas aberturas de todas as aulas trabalharam-se frases motivacionais do autor Augusto Cury que, realmente, por seu potencial motivador têm a função de fazer o aluno aprender relatando, após a leitura, experiências pessoais vividas, reconstruindo assim laços com o conteúdo das frases e aplicando em suas relações sociais e adotando uma postura motivadora.
As aulas eram ministradas de forma a dar espaço para as alunas interagirem em qualquer momento, observou-se que tais pessoas têm necessidade de serem ouvidos, de serem amados e de serem compreendidos, então, era muito comum deixarmos espaço para que os alunos (as) opinassem, interagissem, colocassem para fora aquilo que tinham entendido sobre determinado assunto, era um aprendizado reconstruído e não estático.
As dinâmicas aplicadas foram muito bem aceitas pelas turmas, aplicava-se uma dinâmica por dia, para estas dinâmicas utilizaram-se diversos tipos de material: barbante, balões, pedaços de papel cortado em pequenos pedaços, brindes, folhas inteiras de papel A4, música e muita interatividade e formação de equipes.
Ao aplicarmos a dinâmica do perdão houve o relato de uma das alunas que dissera jamais perdoar a sua cunhada... Outra aluna, muito comunicativa e falante emocionou-se tanto com a dinâmica quanto com o relato da colega que dissera não perdoar a cunhada, foi um momento melancólico em sala de aula, momento em que surgiram algumas lágrimas de emoção ao falar-se de perdão. Passado algumas semanas a nossa aluna viera dizer que havia perdoado a sua cunhada depois daquela aula.
No decorrer das 100 horas do Curso de Formação Técnica Geral, usaram-se vídeos para mostrar assuntos ligados aos temas transversais, datas comemorativas relevantes para o conhecimento feminino, trabalho escravo, trabalho infantil e outros, ao todo se usou aproximadamente 15 vídeos retirados do Youtube. No decorrer de um dia de aula utilizava-se várias modalidades de metodologias para passar determinado assunto e para as aulas não ficarem cansativas, pois este tipo de público é sensível e forte e a ideia era não provocar evasão, portanto, aulas dinâmicas e interativas.
As 100 horas de aula relacionadas a Formação Básica transcorreram de forma prazerosa, dinâmica, atual, principalmente, quando se trabalhava em equipe buscando sempre o equilíbrio nas relações interpessoais, foram 100 horas agradáveis tanto para os alunos como para o instrutor estagiário.
As demais 100 horas são relacionadas com a formação especifica, neste momento do curso, 60 horas de aula foram ministradas tendo como base outra cartilha criada pelo MTE e parceiros, que trata de como deve agir o Manipulador de Alimentos, questões de higiene, como proceder para lavar as mãos, uniformes, o que é microorganismos e como eles se proliferam? Ou seja, estas 60 horas são destinadas à teoria da prática culinária.
O aluno recebeu informações acerca de todos os cortes que se pode fazer nos legumes, recebeu aulas acerca de congelamento e descongelamento dos alimentos. Somente após estas 60 horas de teoria através de material didático fornecido pelo governo e também material didático organizado pelo instrutor estagiário é que os alunos foram de fato para a prática.
Informa-se que o slide constituído pelo instrutor no que concerne à Manipulação de alimentos contém 220 lâminas e o esquema das aulas também aconteceu como no primeiro momento, entremeava–se leitura da apostila em grupos com seguidas apresentações dos temas abordados, os slides foram recheados de gravuras que ajudam no aprendizado e os filmes referentes à segurança alimentar foram assistidos e muito bem aceitos pelos alunos, contribuindo para o aprendizado.
Portanto, 200 horas foi o tempo estabelecido para se trabalhar uma turma, como foram duas turmas totalizou uma carga horária de 400 horas, as quais cumpriu-se rigorosamente.

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